será que isso é estar em paz ou em depressão? era como eu pretendia começar esse texto, mas deus me livre de estabelecer essa energia pro ano, né. vamos supor que eu tenha me deparado com a maravilhosa possibilidade de, finalmente, estar em paz com a minha vida — o que não significa necessariamente feliz, o que não significa definitivamente satisfeita, o que não significa sem problemas calada vence, mas talvez signifique só isso mesmo: em paz.
percebi isso ao começar a fazer com o mesmo desespero anual as listas de encerramento24-metas25 porque vocês podem me tirar absolutamente tudo, mas não me tirem a ilusão do controle. imagine só: a quem eu poderia cobrar durante o ano se não cumprisse eu mesma meus 53 objetivos babilônicos? não quero nem pensar nisso. eu jamais assumirei publicamente que tenho um método pré-estabelecido que compila outros métodos diversos, meticulosamente testados e analisados ao longo dos anos, mesclados num formato que funciona pra mim e que se divide em 9 áreas, 3 objetivos por área, uma lista de tarefas infinita, uma organização mensal e um rastreador de hábitos diário e obsessivo. me deixem.
loucuras à parte, o ponto é que eu me deparei com o sossego assustador de preencher cada célula da planilha (!!!) com continuar fazendo talcoisa. não tem nada muito novo, exceto talvez aprender a dirigir; descobrir como fazer uma trança embutida no cabelo e viajar mais vezes (especialmente sozinha). ou então umas coisas que eu preciso resolver com urgência, tipo minha miopia e o celular antes de dormir/logo que acordo. mas no geral, e talvez devido ao buraco abissal de autoconhecimento em que eu estive nos últimos anos, continuar e seguir fazendo coisas simples, cotidianas, que me trazem tranquilidade — e por que não dizer, alegria? — a médio/longo prazo é o que eu quero. e me parece que também é só o que eu preciso.
que grande loucura.
de resto, é mais um mood: meter o louco de volta em quem ousar meter o louco comigo, avisar o diabo que quem tá amassando o pão agora sou eu.
por fim, nesse treze de janeiro de dois e vinte e cinco, caso você ainda esteja por aí se debatendo em como começar o ano, deixo esse exercício super gostoso proposto pelo thiago lage:
As regras são simples: tirar três cartas. A primeira, o que me traz alegria, o que preciso manter para 2025. A segunda, o que não me traz alegria, o que preciso descartar, doar ou mandar para a reciclagem. A terceira é a minha subversão indo contra a própria Marie Kondo: o novo que precisa vir. Sei que o lance é ser minimalista e desapegar de tudo que puder, mas creio que este movimento é importante também para abrir espaço para o novo, para que tudo circule. E outro ponto crucial: isto é sobre autoconhecimento. Então todos os elementos são internos. Dessa forma, é também uma ferramenta para céticos, já que dispensa o lado divinatório das cartas e foca no simbólico, no inconsciente.
replico as instruções do thiago: não precisa ter um baralho, nem entender de tarô, nem acreditar em previsões — é uma brincadeira! pode jogar com um baralho, com uno, com dixit, com seus pokemóns favoritos, com um pack de tazos, com mensagens motivacionais da embalagem de açúcar união, com uma bruxa profissional, não importa: pense em você e pense no seu ano novo. e se divirta!

ah, e caso não tenha ficado claro: tá na listinha desse ano continuar estudando tarô; já aviso de antemão que a skin velha mística tá cada vez mais forte. continuem por sua conta e risco!

no instagram todo mundo é mais feliz:
2022 me mudou, 2023 me quebrou, 2024 abriu meus olhos, 2025 tou voltando e nem é meme kkkkkkkkk não dá pra dizer que só quem viveu, sabe, porque metade eu não vivi e a outra metade eu não entendi, só fui levando porque precisava, seguindo porque é o único jeito que eu fui feita pra fazer as coisas. a que custo, né? esse ano eu perdi várias das coisas, causos, troços, que me sustentavam na euforia maluca de existir, deixei pra lá deixei levarem um monte de parte bonita do que me compunha. abri mão, mesmo, me retirei — ficaria mais poético “bati em retirada”, acertaria o ritmo estranho desse texto vomitado, mas não bati em nada esse ano, nem todas as vezes que só cinco minutos de porrada bem dada resolveriam. deixa. esse ano, em troca, ou de volta, ou como o prêmio de consolação que eu vou guardar feito meu maior tesouro, ganhei clareza, recebi (depois de pedir muito) com generosidade a chance de enxergar as coisas como elas realmente foram e são. nada mais duro pra alguém que vive na grande viagem que é minha cabecinha pisciana 🌊
aliás, outra coisa desse ano: aprendi a pedir, logo eu rs. pedir nunca esteve no meu vocabulário forjado com o pé no chão, logo eu de novo rs, aprendi a abrir mão e confiar. confiar porque entendi com uma força brutal que eu nunca tou sozinha e que essa insistência em seguir seguindo vem daí: não caminho só por mim. mesmo todas as vezes que tive certeza, mesmo quando eu briguei pra estar, mesmo que saber disso me preencha de partes iguais de um amor bonito e uma responsabilidade assustadora. peço então, daqui pra frente, pra quem anda comigo e pra mim, principalmente, já que mesmo confiando eu jamais vou deixar de dar meus pulos ou desistir das minhas listas:
✨ protege minha natureza amorosa, não me deixa alimentar o que não brilha ⚡️
que daqui em diante a gente continue assim: com a clareza da realidade mais um tantinho do entusiasmo de quem acredita. agradeço todos os caminhos abertos, todos os nós desfeitos, todas as chances de encontro em que estivemos, apesar de tudo, por inteiro. tou pronta pra contar outras histórias sobre a gente, e todas elas são grandes e coloridas ☀️
feliz 2025, meu povo, vamo com tudo que já já é carnaval!
Eu já tinha lido esse texto, logo no dia em que vc o “lançou”, e hj - lendo os outros - caí nele de novo. Eu ri sozinha lembrando de uma enquete que vc fez no Instagram sobre ser leonina, pisciana ou ariana e justificando que vc é “quase ariana”. Meu amor, vc é a coisa mais pisciana que existe e esse texto pode provar! ♥️
Grazadeus esse sol já vai passar! Hahahahahhahaha
Sinto sempre tanto você em suas palavras. Texto lindo e verdadeiro, sem medo de ser.